Um grupo de estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) está se preparando para embarcar para os Estados Unidos em abril de 2025, onde participarão da etapa internacional da competição de Aerodesign. Eles conquistaram, no último domingo (03), pelo terceiro ano consecutivo, o título nacional na categoria regular do campeonato, que desafia equipes universitárias a projetar, construir e operar aeronaves cargueiras radiocontroladas capazes de carregar grandes cargas. Agora, com a vitória nacional de 2024, a equipe Axé Fly representará o Brasil na competição mundial, na qual também foram campeões na última edição, tornando-se os primeiros da Bahia a alcançar este feito inédito.
Para o professor Guilherme Begnini, coordenador do projeto Axé Fly e docente de Engenharia Mecânica na Ufba, o sucesso da equipe é um marco tanto para a universidade quanto para o estado. “Ver a Bahia no topo de uma competição tradicionalmente dominada por outras regiões é um grande orgulho. Isso mostra o potencial de inovação dos nossos estudantes e reforça o papel da UFBA como um centro de excelência acadêmica e tecnológica”, destaca Begnini.
Preparação intensa
O capitão da equipe, André Castro, 21, estudante de Engenharia da Computação, relata que a preparação para o mundial é intensa. Diferente da competição nacional, o campeonato internacional impõe desafios maiores, exigindo que os estudantes ajustem o projeto para uma aeronave ainda maior e mais complexa. “Cada edição da competição tem regras diferentes, então precisamos ajustar nossos cálculos, materiais e o próprio design da aeronave conforme o regulamento”, explica.
No próximo mundial, a aeronave terá dimensões muito maiores, com asas de 4,5 metros, comparadas aos 2,5 metros dos modelos usados no nacional. “Isso exige uma estrutura mais robusta e materiais mais leves, o que aumenta o desafio técnico e financeiro para o time”, diz André.
Para os estudantes da Ufba, a experiência na Axé Fly vai além da técnica, sendo um treinamento completo em inovação, trabalho em equipe e resolução de problemas. André destaca que o aprendizado prático da competição complementa o currículo acadêmico e prepara os estudantes para o mercado de trabalho. “Aprendemos a gerenciar projetos, otimizar recursos e solucionar problemas em tempo real, o que é um diferencial enorme para nossa formação”, comenta.
O professor Guilherme destaca o comprometimento dos estudantes, que frequentemente abrem mão de finais de semana e tempo livre para se dedicar ao projeto. “Eles gerenciam o projeto com muita responsabilidade, estudam por conta própria e demonstram uma capacidade de organização impressionante”, elogia o professor, que acredita que o trabalho dos alunos é uma grande vitrine para a Ufba. "O nome da Bahia ser lembrado no topo de uma competição desse nível atrai a atenção de empresas como a Embraer, que já oferece estágios para os nossos alunos".
Desafios financeiros
Além dos desafios técnicos, a equipe enfrenta também uma constante busca por recursos financeiros. A participação no mundial demanda altos custos, desde a compra de materiais de alta qualidade até as passagens e estadias nos Estados Unidos. Beatriz Queiroz, 20, estudante de Engenharia de Produção e integrante do projeto, explica que a equipe depende principalmente de patrocínios e do apoio de voluntários para cobrir os custos. “Somos uma equipe sem fins lucrativos, então não geramos receita, e a universidade cobre apenas uma parte das despesas, como a inscrição. O restante depende de nós mesmos e das parcerias que conseguimos”, relata Beatriz.
Para viabilizar a participação no campeonato, os estudantes mobilizam recursos de todas as formas possíveis. A própria Beatriz comenta sobre o esforço necessário para arrecadar fundos durante o ano. “Organizamos rifas, vendemos brigadeiros e buscamos o apoio de empresas que possam patrocinar ou fornecer serviços gratuitamente. Esse tempo dedicado à arrecadação interfere um pouco no desenvolvimento técnico da equipe, mas é a única maneira de tornar o projeto viável”, explica.
Apesar das dificuldades, Beatriz demonstra confiança no compromisso do grupo. Segundo ela, a experiência adquirida com o campeonato e o reconhecimento alcançado nas últimas competições motivam a equipe a continuar. "Nossa maior preocupação é conseguir os recursos para que todos possam participar. Estamos empenhados em fazer acontecer, mesmo com os desafios", finaliza.
Mesmo com o impasse financeiro, o grupo de estudantes mantém um espírito de otimismo e confiança. Com os olhos voltados para a etapa internacional, a Axé Fly se prepara para levar o nome da Ufba e da Bahia ainda mais longe, como conta André Castro, capitão da equipe Axé Fly. "Nosso objetivo é trazer a vitória novamente para o Brasil e para a Bahia", afirma. "Estamos mais preparados e confiantes, e, embora o desafio financeiro persista, a motivação da equipe é o que nos impulsiona", completa.
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