MPT investiga condições de trabalho em obras da fábrica da BYD em Camaçari

O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu um inquérito para apurar as condições de trabalho nas obras de construção da fábrica da BYD, montadora chinesa de veículos elétricos, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. A investigação foi motivada por denúncias graves reveladas em uma reportagem da Agência Pública, publicada em 27 de novembro.  

De acordo com a matéria, trabalhadores chineses contratados por empresas terceirizadas enfrentam jornadas extenuantes de até 12 horas por dia, sem folgas semanais e em condições que desrespeitam normas de segurança. Além disso, há relatos de agressões físicas, ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs), falta de água potável e alojamentos insalubres.  

Após a repercussão das denúncias, a BYD divulgou uma nota repudiando os abusos relatados e anunciou medidas rigorosas, incluindo o afastamento e a proibição de acesso às obras para os agressores identificados. A montadora também informou ter exigido que as empresas terceirizadas adotem ações imediatas para corrigir as irregularidades.  

O inquérito foi iniciado com base em uma denúncia anônima recebida em setembro e reforçado por uma inspeção realizada pelo MPT em novembro no local da obra. Segundo o procurador Bernardo Guimarães, responsável pelo caso, o objetivo é garantir que o meio ambiente de trabalho seja adequado, respeitando a saúde e a segurança dos operários.  

A BYD, que assumiu o complexo industrial anteriormente pertencente à Ford, reafirmou seu compromisso em colaborar com as investigações e intensificou a fiscalização para assegurar o cumprimento das normas trabalhistas. O MPT analisa as informações coletadas para elaborar uma proposta de ajuste de conduta ou mover uma ação judicial contra a montadora.  

Anunciada em 2023, a construção da nova fábrica da BYD representa um investimento de R$ 5,5 bilhões e prevê uma capacidade inicial de produção de até 150 mil veículos elétricos e híbridos por ano. A iniciativa reforça a presença do Brasil no mercado de mobilidade sustentável, mas as recentes denúncias lançam luz sobre desafios estruturais na gestão de grandes empreendimentos.