O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (7), elevar a taxa básica de juros da economia de 14,25% para 14,75% ao ano, em uma alta de 0,5 ponto percentual. Com o novo reajuste, a Selic atinge o maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão foi unânime entre os diretores do BC, incluindo o presidente da instituição, Gabriel Galípolo.
Segundo o Copom, a elevação dos juros foi motivada principalmente pelo cenário de incerteza internacional, agravado pela política comercial dos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump. A guerra comercial iniciada pelo ex-presidente americano, aliada à política fiscal interna e ao alto nível de gastos públicos, contribui para pressionar a inflação brasileira. Em comunicado, o comitê afirmou que o ambiente externo permanece adverso e incerto, o que exige uma atuação cautelosa da política monetária.
O BC sinalizou que, diante da instabilidade e dos efeitos ainda não totalmente observados do ciclo de ajuste atual, será necessário manter vigilância nas próximas reuniões. A expectativa de um novo aumento já era prevista por analistas do mercado financeiro, especialmente após comunicados recentes do Banco Central indicando a continuidade da alta, ainda que com menor intensidade.
Esta foi a sexta elevação consecutiva da Selic, que funciona como referência para as demais taxas de juros do país. A estratégia visa conter a inflação ao desacelerar o crescimento econômico. Em seu último relatório de política monetária, divulgado em março, o BC destacou que a economia brasileira segue operando acima do seu potencial. Gabriel Galípolo afirmou que os sinais de desaceleração ainda são iniciais e defendeu a necessidade de manter a vigilância sobre os preços.
Entre os fatores que sustentam a inflação elevada, o BC cita a resiliência da atividade econômica, o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento dos gastos públicos. Embora o cenário interno esteja aquecido, o ambiente internacional, afetado pelo protecionismo norte-americano, também contribui para frear o crescimento global, impactando o Brasil.
A taxa básica de juros é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, especialmente os efeitos sentidos pelas camadas mais pobres da população. Com base no sistema de metas, o BC pode reduzir, manter ou elevar a Selic, dependendo das projeções de inflação. Desde 2025, o país adota o modelo de meta contínua, em que a meta central é de 3% ao ano, considerada cumprida se a inflação variar entre 1,5% e 4,5%.
Como os efeitos da política monetária levam de seis a 18 meses para serem sentidos, o BC toma decisões com base em projeções futuras. Neste momento, a instituição já considera o cenário inflacionário do segundo semestre de 2026 e início de 2027. As expectativas do mercado apontam inflação de 5,53% em 2025 (acima do teto), 4,51% em 2026, 4% em 2027 e 3,80% em 2028, todas acima da meta de 3%. O BC já admite que a meta de inflação pode ser descumprida novamente em junho, com seis meses consecutivos acima do teto de 4,5%.
Especialistas apontam que a elevação da taxa de juros pode provocar uma série de efeitos na economia. Entre eles, o aumento das taxas bancárias, que atingiram média de 44% em março, o maior índice em quase dois anos. Além disso, a alta tende a desacelerar o consumo das famílias e os investimentos produtivos, o que impacta negativamente o PIB, o emprego e a renda. No último trimestre de 2024, os dados já apontavam sinais de desaceleração.
As contas públicas também são afetadas, pois os juros maiores elevam os gastos com o serviço da dívida. Nos doze meses encerrados em março, a despesa com juros somou R$ 948 bilhões, o equivalente a 7,9% do PIB, ampliando o endividamento nacional. Por outro lado, investimentos de renda fixa, como Tesouro Direto e debêntures, tendem a apresentar melhor rendimento, o que pode reduzir a atratividade do mercado de ações.
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