Tem dias que tudo flui. A vaga aparece na hora certa, o café vem do jeitinho que a gente gosta, o reencontro inesperado vira motivo de sorriso. Em outros, é uma coisa atrás da outra: o pneu fura, o celular cai, a reunião atrasa. E aí vem aquela pergunta inevitável: será que eu sou uma pessoa de sorte… ou de azar? Aposto que você já se fez essa pergunta algumas vezes, não é mesmo?
Essa dúvida vive rondando a gente, especialmente nos dias mais nublados e não falo só do tempo, não. Mas será que a sorte é mesmo um presente que cai do céu? Ou será que ela também depende da forma como a gente enxerga o que está à nossa volta?
Outro dia ouvi alguém contar como foi criada num lar onde otimismo era semente plantada todos os dias. O pai, por exemplo, fazia questão de apresentar à filha pessoas que pareciam com ela, gente comum como a gente, mas com histórias extraordinárias. Convidava essas pessoas a contarem suas trajetórias, mostrando que sucesso não é algo inalcançável, distante ou exclusivo de quem nasce em certos lugares privilegiados. Aquilo fazia com que ela acreditasse: “se foi possível para eles, pode ser para mim também.”
Essa criação ia além do discurso: era prática. A filha era ensinada a confiar no próprio olhar, a valorizar o que já tinha, e a perceber que dificuldade não era sentença, era parte do caminho. E mais: que tropeços não diminuem ninguém, eles ensinam.
E esse tipo de olhar faz diferença, não faz?
Comecei a reparar que pessoas que cultivam essa visão parecem mesmo ter mais sorte. Não porque tudo dá certo para elas, mas porque elas aprenderam a prestar atenção nas pequenas coisas que funcionam. Mesmo no caos, conseguem encontrar um motivo para agradecer. Valorizam o inesperado e reconhecem a beleza de um dia comum.
Enquanto isso, quem só espera por grandes conquistas acaba ignorando as pequenas vitórias que acontecem o tempo todo, e aí vem aquela sensação de que nada dá certo. A frustração se instala e a ideia de “azar” vira uma lente pesada que distorce tudo.
A verdade é que a sorte, muitas vezes, é presença. É estar disponível, atento, com o coração aberto, quando uma oportunidade surge, mesmo que tímida. É reconhecer que o que você tem agora pode ser exatamente o que alguém, um dia, sonhou em ter.
Então, que tal trocar o “por que comigo?” pelo “o que posso aprender com isso?”? Ou, ainda melhor, pelo “o que já está dando certo e eu não estou enxergando?”
Talvez a sorte que você sente falta não esteja te evitando, talvez só esteja esperando que você mude o foco. Que você enxergue com mais gentileza, com mais fé no possível. Que olhe para si como alguém que merece, sim, viver dias bons. E que está aprendendo, aos poucos, a reconhecê-los.
Te vejo no próximo mês!
Lizandra Cruz Monteiro
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