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Deextinção! Estamos prestes a reviver dodôs e mamutes?

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20/03/2023 13h18 Atualizada há 2 anos
Por: Keila Abreu Fonte: Landis Vinicius
Reprodução/Desconhecida
Reprodução/Desconhecida

Deextinção (confesso que eu preferiria usar: desextinção) é um termo utilizado na ecologia para se referir a uma espécie que foi extinta, porém voltou a existir. Eu sei que parece doideira e de fato é. Entretanto, é exatamente isso que pretende fazer a Startup estadunidense Colossal Bioscences.

Quem viveu a década de 1990 sem dúvidas lembra da ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado com sucesso. O feito ocorreu em 1996 por pesquisadores do Instituto Roslin, na Escócia. De lá pra cá a ciência avançou muito e as técnicas de engenharia genética e clonagem também. Desde então, o assunto de trazer de volta animais extintos circunda o imaginário de muita gente, inclusive dos cientistas.

Na verdade, este feito já foi realizado. O íbex-dos-pirenéus, um parente das cabras, foi completamente extentinto, tendo seu último indivíduo morto na Espanha em janeiro de 2000. Em 2009 a espécie passou a ser "de-extinta", quando uma fêmea clonada nasceu viva, infelizmente por um período de apenas 7 minutos, morrendo devido a uma falha nos pulmões. Uma das questões é que apesar de todos os avanços, a clonagem ainda enfrenta uma série de dificuldades, complicações e fatores limitantes.

Apesar destas limitações a empresa Colossal Biosciences recebeu investimentos na casa de 150 milhões de dólares, somando financimentos de diversas empresas estatais e privadas. O valor é destinado à pesquisa de deextinção de animais, tendo três objetivos principais: Os dodôs, os mamutes e os tigres-da-tasmânia.

Este tipo de pesquisa levará muito tempo, pesquisadores passarão décadas nisso  e, independente de atingir o objetivo ou não, a partir disto ocorrerão diversos avanços científico-tecnológicos distintos. Contudo, há também muitos obstáculos e controvérsias no caminho.

Os mamutes são relativamente ‘menos difíceis’ de serem deextintos, pois mesmo tendo vivido há mais de 10mil anos atrás,  há exemplares praticamente intactos congelados em regiões como a Sibéria, dos quais é possível extrair material genético em bom estado de conservação. Além disso, os elefantes atuais apresentam bastante semelhança biológica e até de tamanho para, hipoteticamente, serem barriga de aluguel para um feto de mamute.

Os dodôs por sua vez são animais que foram extintos há menos de 400 anos, porém os registros biológicos são quase inexistentes, o que dificulta muito a obtenção de fragmentos de DNA. Os dodôs são da família dos pombos, entretanto não conhecemos nenhuma espécie viva que seja realmente parecida morfologicamente. Os processos da clonagem, fecundação e incubação ocorreriam com fragmento de outra espécie significativamente distinta, ou seja, o resultado final provavelmente estaria um tanto quanto longe de um dodô legítimo.

Ainda para além destas dificuldades, tenho alguns questionamentos: Para quê reviver estes animais? A que custo? Com qual propósito? Para colocar onde? Serão criados para passar a vida toda em zoologicos e centros de pesquisa? Com qual importância ecológica?

“Ah Landis, mas você não gostaria de poder ver um dodô vivo? Ou um mamute lanoso andando na sua frente?”

P*R#@!! Como eu gostaria!!!! Maaass… penso que antes de tentarmos trazer de volta espécies que já desapareceram há tanto tempo. Há muitas outras espécies à beira da extinção, com um número praticamente inviável de sobreviventes, as quais precisam de recursos, pesquisas e projetos de conservação para impedir seu desaparecimento. Destas, pouquíssimas recebem a visibilidade merecida e quase nenhuma consegue montantes tão significativos de investimento.

Em resumo, as intenções das pesquisas são legítimas e inegavelmente trarão avanços à ciência. No entanto, deveríamos canalizar recursos e energia para garantir a permanência das espécies ainda presentes nos mais diversos ecossistemas e habitats. Então quando aprendermos a conservar e respeitar de fato a biodiversidade existente, talvez, e só talvez,  tenhamos condições (e maturidade) para pensar em deextinção de alguma espécie que já desapareceu há tanto tempo.

[PS: Há pesquisadores que afirmam que mamutes poderiam auxiliar na conservação da Tundra, colaborando até no combate às mudanças climáticas. Porém, também há controvérsias e bem… isso vai ficar para outro texto.]

Um abraço pessoal,

até o próximo mês.

Landis ;)

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 Landis Vinicius
Sobre Landis Vinicius
Landis Vinicius é engenheiro ambiental, sanitarista, estudante de ciências biológicas e especialista em ecologia. Apaixonado por tudo que envolve a natureza e meio ambiente, trabalha com conservação de tartarugas. Escreve uma vez por mês.
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